segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Dia (in)comum do pretérito imperfeito

   Vai sem pressa, passa a soleira da porta. Caminha devagar, ansioso em encontrar seu destino. Pega a estrada, rumo ao horizonte, não sabendo mais agora se tem pressa ou não. Coloca os fones no ouvido, e põe-se a andejar para um novo agora, atualizado em cinco minutos.
   Vai andando e vendo a sua volta, tudo o que possa captar. Estradinha longa, bela até. Uma música não acompanha um único pensamento: a filarmônica muda, a inércia é inexistente no inconstante. Um sorriso, uma cara emburrada. O sol vem do oeste, ruma, passa por cima, vai além d'este.
   Uma ponte no meio do caminho. Até a bendita pedra de Drummond - mas sim, irrelevante. chutou-a. Sob a ponte, um rio terno. Para que corredeiras? Deixe. Vem uma música conhecida, decorada. O som aumenta. Uma capelinha beirando a estrada, e o pensamento se vai nas ondas eletromagnéticas. Sim, só lembrou delas porque são matéria de prova. E porque elas aqui cabem? E porque a estrada? Porque logo à frente um abismo. Fundo, corriqueiro. Mas, porém, contudo, entretanto, todavia, no entanto, não obstante, senão, não por comodismo mais por praticidade, uma escada há. E se vai. Até que avista uma bifurcação, um trevo, dois entroncamentos, uma rotatória, e avista uma rua conhecida. Anda um pouco, pega as chaves, abre o portão. Entra. Acabou? Pequeno fragmento de um dia inconstante, frenético, ótimo, abalável. Subtítulo: Eu.
                                                                                                                                    Pedro E.

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